domingo, 23 de agosto de 2009

Desprezo

Semblante de avareza que cala espaços entre saliva e cérebro

Destrói com avidez o inimigo da astúcia imaginária

Gladiador robusto, considerado invencível

No entanto vencido por um Portinari

Que encanta e hipnotiza só com a fala

Seus cantos incolores transbordam o oposto da suavidade e emoção

Atuando nesse palco com impurezas

Com seu fogo em um ritmo que consegue fazer que seu espírito se desfaça

Convertendo o sentimento consigo em sua razão literária que se torne desprezível

Cairia desse palco em um cotidiano desprezível se não fosse minha segurança, tão minha!

Essa encenação tão minha confunde e atrai os mais doces olhos para o meu mundo

E você continua preso em suas próprias armadilhas

Desejo

Que não haja solidão exata para lhe sondar pelas manhãs que são tão suas. Desejo que seus sonhos insistam em chegar ao fim. Sim! Pois o fim de todo sionho é a realização dele.

Batalha

Vamos entrar para a história

Desistam de servir aos que te cobram

Façam com que sua pegada seja notória

Esqueçam as leis que roubam

Roubam a liberdade de nos expressarmos

Roubam o direito de amar

Roubam a capacidade de se expor

Destruindo conceitos que são diminuídos a dor

Façam seus berros incomodar

Provoquem ao ponto de irritar

Só assim teremos respeito

Não desistam, somos únicos no universo

Não aceitem que seus ideais fiquem submersos

Coloquem seus corpos a frente para que o tiro venha em seu peito.

Nostalgia

Que venha um abismo de quilômetros de distância que me afaste de ti, pois procurarei alcançá-lo em meu tapete de intimidades voador que habita nas colunas da minha memória, colunas que sustentam infinitas lembranças. Imagino-lhe de braços abertos para qualquer cidade cosmopolita distante desses projetos furados de humanoides que almejam a utopia rústica do sucesso. Não vejo em você um ser que vive a morrer e ressuscitar constante no sistema pré-estabelecido, por isso passo a imaginá-lo nesse grande mundo de possibilidades ilimitadas sem se persuadir em suas limitações. Não falo de amor, pois amor é arma engatilhada pronta para ser disparada, ferindo e muitas vezes podendo matar e viver com o espírito morto é pior que a morte real dos pequenos mortais.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Guimarães Rosa

Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram, mas pela astúcia que têm certas coisas passadas.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Legião Urbana - Que País É Esse?

Nas favelas, no senado

Sujeira pra todo lado

Ninguém respeita a constituição

Mas todos acreditam no futuro da nação

Que país é esse?Que país é esse?

No Amazonas, no AraguaiaNa Baixada Fluminense

No Mato Grosso, e nas Gerais

E no Nordeste tudo em paz

Na morte eu descanso

Mas o sangue anda solto

Manchando os papéis

Documentos fiéis

Ao descanso do patrão

Que país é esse?

Que país é esse?

Terceiro mundo, se for

Piada no exterior

Mas o Brasil vai ficar rico

Nós vamos faturar um milhão

Quando vendermos todas as almas

Dos nossos índios num leilão

Que país é esse?

Que país é esse?

Legião Urbana - Índios

Quem me dera, ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Explicar o que ninguém consegue entender:
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais, por não ter nada a dizer
Quem me dera, ao menos uma vez,
Que o mais simples fosse visto como o mais importante,
Mas nos deram espelhos
E vimos uma mundo doente.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
É só maldade então, deixar um Deus tão triste.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta para mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura do meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
Não ser atacado por ser inocente.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho,
Entenda - assim pude trazer você de volta para mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura do meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui

Chico Buarque - Tatuagem

Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega
Mas não lava
Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta
Morta de cansaço
Quero pesar feito cruz nas tuas costas
Que te retalha em postasMas no fundo gostas
Quando a noite vem
Quer ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva
Corações de mãe
Arpões, sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo
Mas não sentes

Chico Buarque - Até o Fim

Olhando alguns versos
Eu tento encontrar
Um caminho, uma verdade
Aqui nessa cidade
Ou em qualquer lugar
Caminho num segundo
Até o fim do mundo
Tentando encontrar
O mar é só saudade
em plena tempestade
Te vejo mergulhar
Nas ondas de saudade
que não param de quebrar
Fugindo das verdades
Que não param de chegar
Distante do silêncio
Não dá pra escutar
Quem fala a verdade
E diz que tem saudade
vai se aventurar.

Chico Buarque - O Que Será,Que Será

O que será, que será?Que andam suspirando pelas alcovas?
Que andam sussurrando em versos e trovas?
Que andam combinando no bréu das tocas?
Que anda nas cabeças, anda nas bocas?
Que andam ascendendo velas nos becos?
Que estão falando alto pelos botecos?
E gritam nos mercados que com certezaEstá na natureza.
Será, que será.O que não certeza, nem nunca terá?
O que não tem conserto, nem nunca terá?O que não tem tamanho?
O que será, que será?Que vive nas idéias desses amantes?
Que cantam os poetas mais delirantes?
Que juram os profetas embriagados?
Que está na romaría dos mutilados?
Que está na fantasía dos infelizes?
Que está no día a día das meretrizes?
No plano dos bandidos, dos desvalidos?
Em todos os sentidos.Será, que será.
O que não tem descência, nem nunca terá?
O que não tem censura, nem nunca terá?
O que não faz sentido?
O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar?
Por que todos os risos vão desafiar?
Por que todos os sinos irão repicar?
Por que todos os hinos irão consagrar?
E todos os meninos vão desembestar?
E todos os destinos irão se encontrar?
E mesmo o Padre Eterno,Que nunca foi lá,Olhando aquele infernoVai abençoar
O que não tem governo, nem nunca terá?
O que nao tem vergonha, nem nunca terá?
O que não tem juízo?

domingo, 17 de maio de 2009

Minha Namorada

"Meu poeta eu hoje estou contenteTodo mundo de repente ficou lindoFicou lindo de morrerEu hoje estou me rindoNem eu mesma sei de quePorque eu recebiUma cartinhazinha de vocêSe você quer ser minha namoradaAi que linda namoradaVocê poderia serSe quiser ser somente minhaExatamente essa coisinhaEssa coisa toda minhaQue ninguém mais pode terVocê tem que me fazerUm juramentoDe só ter um pensamentoSer só minha até morrerE também de não perder esse jeitinhoDe falar devagarinhoEssas histórias de vocêE de repente me fazer muito carinhoE chorar bem de mansinhoSem ninguém saber porqueE se mais do que minha namoradaVocê quer ser minha amadaMinha amada, mas amada pra valerAquela amada pelo amor predestinadaSem a qual a vida é nadaSem a qual se quer morrerVocê tem que vir comigoEm meu caminhoE talvez o meu caminhoSeja triste pra vocêOs seus olhos tem que ser só dos meus olhosE os seus braços o meu ninhoNo silêncio de depoisE você tem de ser a estrela derradeiraMinha amiga e companheiraNo infinito de nós dois"

Vinicius de Moraes

Pense!

Pense nos castelos de areia que por encanto ainda não desmoronaram
Procure andar com os calcanhares no chão, evite tapetes, porque os humanos têm o desagradável costume de tirar os tapetes que estão sob nossos pés, acordando-nos assim não para uma realidade, e sim para um passado sem proveito algum
E que esses aviõezinhos que sondam nossas mentes todos os dias não lhe roube a harmonia, para que você continue sendo uma música um pouco mais alta que essa que sou
Que você vá para onde quiser ir, pois não estarei muito atrás de ti
Que a afinidade e afinação caminhem conosco!

Ao tio Quinzinho, um tributo

Guerreiro fostes na luta de breus do sofrimento
Enquanto, na solidão, fazia-se luz em todo momento
Nas horas de angúsia que faziam o corpo desvanecer
Nos dias em que a alma implorava o descanso ter

Enfim encontrastes o conforto
Fazendo-nos sentir uma espécie de aborto
Nas lembranças de carinhos imensuráveis
De carinhos e considerações imensuráveis


Na memória prevalecará a poesia
Da luta em que a vitória foi tardia
Crendo que nos braços do Pai encontrou abrigo

O carinho sincero dos nossos corações
Hão de expressar-se nas orações
Que entoamos àquele que consideramos um amigo.

Antonio...

Visto-me de candura com capa transparente de anjo, um chapéu de plumas gelo, na nudez mais alva e pura que fostes capaz de ver em outra mulher
Para que me veja como ninfa-celeste semi-nua coberta apenas por suas mãos nas partes do meu corpo que desejas tocar...


"DANÇANDO SÓ NA MADRUGADA, ME JULGANDO AMADA AO SOM DOS BANDOLINS"



Te amo em arte, em poesia
Te amo em letras, melodias, em canções
Te amo em risco, rabiscos feitos em troncos de árvores
te amo no calor das vozes, nos lábios que quanto mais se manifestam, mais desejo tenho em neles tocar...

Aqui...

Aqui não tem enredo, falta personagem, falta criação... onde estão os artistas?
precisamos recomeçar os ensaios!

Soneto ao Presidente

Inconsequente marajá
Destruindo vontades próprias
Trocando-as pelo simples crachá
Hipotecando seus ideais hipócritas

Mediúcre faraó
Destratando ostratados
Fazendo o corpo virar pó
Deixando os sonhos atados

Como o poderio o deteriora
Já vão vês a aurora
Pois sua visão também adoeceu

Do brio formou-se a apatia
Em aplausos e vozes tardias
E nunca mais seu dia amanheceu.

Mentes

Mentes que mentem, que matam
Mentes que sentem, que unem
Mentes que sofrem, que crescem
Mentes do monte, monte de merdas, do sermão do monte, que ouvem
Mentes dos montes, montaria de um animal que não mente por não saber falar
Quem me dera que mentes fossem leves, sutis, discretas
Quem me dera que mentes fossem claras, suaves, serenas
Quem nos dera que as mentes jamais nos traissem
Quem nos dera isolar toda rebeldia, agressão, ignorância e indelicadezas das nossas próprias mentes
Quem dera a Deus pudesse evitar mentes.

Sonhos

Existem sonhos que devem ser guardados, tidos em silêncio
São sonhos que não devemos exibir e nem sonhar em voz alta, pois podem se desencantar, desfazendo seu encanto
Sonhos que devem se manter na memória refletora da alma
Sonhos que não se divide, não se compartilha.
Sonhos que não se conta
Sonhos que se vive sozinho, chorando sozinho, sorrindo sozinho, sentindo sozinho
No meu egoísmo passo a esconder alguns sonhos só para mim, porque são e serão sonhos unicamente meus e ninguém poderá roubá-los de mim, desde que estejam bem guardados.

Inconstância e medo

Na ausência que me entontece
A doce ausência que acontece
Que desejo fazer caber em meus braços
A saudade dos abraços que ainda não senti

O temor vem reger a orquestra
De instrumentos que vão e vem
Brincadeira pura que me detesta
Quando não vejo o brilho nos olhos de outrem

Paixões e conquistas do dia a dia
Vou voando até pousar ao anoitecer
Como um pássaro noturno que assovia
Canto para tentar esquecer

Não me revolto
Vou e volto
Canto a ti somente
Amor e dor
Presente e ausente

Poderia me tornar princesa rara
Castelos de areia moldo napraia
Para que resolva se encantar
E nessa construção queira comigo morar

Subo e desço, escadas sem fim
Conquisto o mundo, selo a paz
Para trazê-lo perto de mim

Dependemos do seu pudor
Para que faça de mim a dama eleita
Que lance distante qualquer dor

Traio e atraio bem quando quiser
Tenha-me e ignora-me como e quando desejar
Sou sublime poeta urbana
Que na lngitude do ser só faço amar.

Soneto de libertação

Por que além do forte
Estamos entregues a nossa própria morte
quando criamos remorso do que pensamos
Contrariando os desejos, quando os sonhos matamos

É raro seguir a risca o que se determina
Levando em conta o preconceito que domina
Estamos nós a deriva dos acontecimentos
No momento em que não expomos o verdadeiro sentimento

Choro pela negligência dos sonhos reais
Pela insanidade das metamorfoses dos desejos carnais
Pela extrema falta de cultura

Grito pela independência do eu interior
No qual sem ela a vida é um terror
Sendo nós icapazes de abalar qualquer estrutura.

A falta que ama (inspirado no título de Drummond)

A falta que ama surge de repente
A falta que ama é uma serpente
Ela carrega os desejos secretos
Ela aguilhoa
A falta que ama é uma dor oculta, um mistério sempre presente
Ela diz e se cala, ela sabe ser a penas a falta... a falta que ama
A falta que ama se encarrega da minha dor
Ela me afaga os pensamentos
A falta que ama é...
Eu acendo um cigarro e entre meus dedos e em meus lábios fica a falta que ama
Eu abro um sorriso e a falta que ama aparece, milagrosa e sorrateira
A falta que ama é essa dorzinha que escorrega dentro de mim como um milagre, como uma pequena garota marota, como uma linda flor, uma tormenta feita de tormentas
Eu a carrego, a dolorida falta que ama
sim, eu a carrego como se carrega o filhote canguru, na bolsa
Ela é a falta que sinto do isqueiro quando tenho um cigarro entre os lábios
É bem simples...
É tudo simples, eu é que complico o resto
Eu tenho saudades de vocês, uma saudade marota e amiga, uma falta marota dos meus amigos
Eu sou a própria falta que ama
A falta que ama está em mim, como uma dor oculta, como um nada que não se diz
Ela é o que sinto quando tudo soa falso diante da falta que ama
A falta que ama é essa saudade sempre presente e fim.

Júlia

Meu bebê que já é menina
Tão meiga e doce, que a pose de princesa já domina
Se faz tão bela quando sussurra suas frases tão perfeitas
Que suas travessuras acabam em arte, quando feitas

Traz nos olhos tanto mel
Que ao me fitar, sinto-me no céu
Suas palavras açucaram minha vida
E suas declarações a tornam ainda mais querida

Te amo, Júlia, sempre e eternamente
Quem tem uma filha como você, é difícil explicar o que sente
Um amor sublime e encantador

Te amo, Júlia, além da natureza
Além de toda riqueza
Por que o tesouro maior para ti e para mim é O AMOR.
"Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo me absorvendo e , de repente, me vi assim completamente seu.
Vi a minha força amarrada nos seus braços.
Vi que sem você não há caminho, eu não me acho.
Vi um grande amor gritar dentro de mim como eu sonhei um dia..."

Gosto de gostar

Ver-te-ei em alva nuvem
Suprindo cores primárias
Girando em uma vertigem
De risos às experiência hilárias

Cantar-te-ei músicas imaginárias
Que a garganta ainda contém
Em uma tonalidade solidária
Aos ouvidos que me querem bem

Amá-lo-ei sem diretrizes
Não desejarás outras meretrizes
Quando meu corpo a ti oferecer

Terás que me ceder seu amor
Para que exalemos com fulgor
O aroma do prazer.

Ressurreição

Meu corpo que vivia em turbulência
Causada por minha santa impaciência
Não encontrando na Ciência
Uma solução obrigatoriamente realista

Minha mente que adoeceu
Enxergando na vida tanto breu
Em dias que cedo escureceu
Cumprindo pena perpétua em um meio moralista

Minha alma presa a ilusão
Sendo eu, cega na escuridão
Das teorias do algo mais

Meu coitado coração
Encontrou em ti direção
Baseada em sonhos matinais

Encontrei na sua poesia todas as respostas que queria
E todo meu corpo concebeu

Minha mente está repleta de alegria
E é tamanha a euforia
Que o jardim da minha vida floresceu.

Crime e castigo

Peço-lhe perdão pelo crime cometido
De pecar com meus pensamentos
Sendo, meu coração, um bandido
Matando, sem ouvir argumentos

Pago-lhe, com meu silêncio, a fiança
Desprezo, por um momento, a mania de candura
Deixando de ter esperança
Pensando que posso me tornar ainda mais madura

Como é difícil ser da vida um réu
Encarcerado, sem conseguir chegar ao céu
Vivendo às sombras das despedidas

Quem me dera sair dessa escuridão
Sendo ladra da solidão
E que não hovesse mais partidas.
"Não me amarra dinheiro não!
Mas elegância...
Dinheiro não!
Mas os mistérios...
Dinheiro não!
Mas a cultura...
Dinheiro não!"

Deus e o castigo

Santa e onisciente trindade
Rogo-te como as águas turvas
Que continuam a pecar com a vaidade
Fazendo do caminho incontáveis curvas

Deus, onipotente e criador
Por que colocastes meu pé em chão de terremoto?
Permitindo que eu vivesse esses amores remotos
Que só me trouxeram entristecimento e dor

A tua santa paz jamais me alcançou
E o meu destino distante da pureza lançou
E fez-me gotas da erupção dos vulcões em chama

Dos vales me expulsou, sendo eu o lírio
Sufocando-me em ardente delírio
Que acolhia a tentação da minha cama.

Inflação dos sonhos

De repente, violentamente e desgraçadamente, subiu o preço dos sonhos.
Sonhar passou a ser desesperadamente um custo elevado demais e não posso mais alimentar esse vício até que barateie.
Tenho saudades do tempo em que sonhar era quase de graça, do tempo em que se vendia sonhos a preço de banana, nas portas das escolas, nos clubes, nas sorveterias, nos bares e lanchonetes.. Nesse tempo os sonhos eram até entregues em domicílio.
Tenho a impressão que Deus nos concede um números determinado de sonhos em um prazo meio que limitado e, em um certo momento da vida, essa quantidade para se sonhar cessa e precisamos então emprestar os sonhos das pessoas amigas e que confiam em nós para seguir em frente.

sábado, 16 de maio de 2009

Vidas azuis

Meus pensamentos foram roubados
Por um vistoso querubim aviador
Que sobrevoava meus céus estrelados
Com rasantes feições de um trovador

Essa águia soberana me enfeitiçou
Um pássaro exibindo acrobacias fenomenais
Que no galho da poesia pousou
E foi escolhido o mais belo curió entre outros animais

Um sabiá contando sua poesia afinada
Um beija flor de paisagem refinada
Um qualquer outro voador capaz de de unir canção e poesia

Uma coruja em secretos vôos noturnos
Um bem te vi dos campos oportunos
Fazendo no céu de duas vidas um concerto em harmonia.

Libido

A dona que me olha com doces olhos de medo e malícia
em um coquetel único de ternura e tesão.
A dona que se perde em seus próprios suspiros
que enlouquece melando coxas, dedos e lábios.
A dona que beija de olhos levemente fechados
onde seu pensamento é de princesa ou bailarina
ou simplesmente menina.
A dona tão madura e tão criança
usa seus lábios, sua dança como se pudesse dominar o mundo
usando apenas boca e corpo.
Usa os seios como se pudesse ousar batalhões para uma guerra vencer.
Usa a libido como se quisesse diminuir qualquer uma que com ela tentasse competir.
A dona do gozo e da fantasia.
A dona que entra em êxtase apenas ao lembrar que é a MULHER.

Interrupção

Doce esfera bandida
Realça amores remotos
Foste da era banida
Aos furores do terremoto

Era a mais bela orquídea
Trazia suas cores cores sutis
Perdia-se de tu a rédea
Em galopes de amadores hostis

Dançava inquieta e atoa
Girando esbelta na proa
Exibindo escandalosos risos
Subindo e descendo em todos os pisos

Exalava um aroma perfeito
Mostrando a soma dos peitos
De forma tranquila e sensata

Doce esfera bandida
Embriaga-se ao custo da sensualidade retida
Continue a dançar em troca do ouro e da prata